Na Organização Mundial da Saúde, a avaliação feita longe dos holofotes é de
que a atual pandemia só será freada agora com uma vacina. No melhor dos
cenários, os produtos chegarão ao mercado em meados de 2021.
Mas, nos bastidores, governos já vivem uma inédita batalha diplomática em
relação ao produto, abrindo negociações, corrida aos produtores e ameaças de
disputas legais. Para a cúpula da OMS, se o mundo fracassou em estabelecer
um acordo de cooperação e solidariedade para lutar contra o vírus que já
matou mais de 500 mil pessoas, o cenário pode abrir uma crise profunda na
disputa pela vacina.
Uma demonstração dessa situação foi dada com o comércio de respiradores e
máscaras, repleto de desvios, verdadeiros leilões de cargas e jogadas
comerciais.
Na esperança de evitar esse novo capítulo de uma crise global, a tentativa da
comunidade internacional agora é a de fechar um acordo sobre a vacina, antes
mesmo que o produto chegue ao mercado e justamente para garantir que a
disputa que se viu em março e abril não se repitam em uma nova escala, ainda
maior.
O temor é de que os países mais ricos simplesmente comprem todas as
primeiras doses, deixando o restante do mundo com uma séria escassez.
Fonte: https://noticias.uol.com.br / por Jamil Chade / colunista do UOL /
09.07.2020